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Ter filhos ou não, uma conversa que muitos casais não conseguem ter.

Saúde Mental

Ter filhos ou não, uma conversa que muitos casais não conseguem ter.

Uma pesquisa de 2021 revela que no Brasil o número de mulheres que engravidam sem planejamento é de 62%, ou seja, 62 a cada 100 mulheres não planejam a gestação, enquanto no mundo a taxa é de 40%.¹


Você tendo ou não filhos hoje, imagina a surpresa de saber que tem um filho vindo por aí? Parte destes 62% são de pessoas casadas, o que poderia significar que o bebê teria uma estrutura familiar para chegar ao mundo (ou não), parte são de namorados de podem acelerar os planos e partir para um casamento (ou não), parte são de solteiras que podem ou não saber quem é o pai e decidir se vão comunicar ou não a paternidade. E tudo isso pode se desdobrar para “n” outras possibilidades. 

E a sociedade?

E em meio a tudo isso existe a sociedade, a cultura na qual estamos inseridos que tende a romantizar o filho não planejado, afinal “filho é bênção”. Essa mesma sociedade também julga casais e pessoas que decidem planejar uma vida sem filhos.


Foi o caso desta primeira sexta-feira 13 do ano de 2023 quando o ator Fábio Porchat anunciou no seu instagram o fim do relacionamento de 8 anos com a produtora Nataly Mega, deixando claro na publicação que o assunto filhos foi o que levou o casal à decisão do divórcio.


O que ficou evidente nesse caso foi que a nossa sociedade não sabe lidar com pessoas que conscientemente optam por não ter filhos, afinal o ator foi vítima de comentários machistas e homofóbicos sobre a decisão que levou o casal ao divórcio amigável (o que não significa sem sofrimento). 

https://www.instagram.com/p/CnXpPg2tSa2/

A mulher que não quer ter filhos. 

No caso de Fábio Porchat estamos falando de um homem que tem clareza dos próprios objetivos, que incluem não ter filhos. E quando o assunto é a mulher que não quer ter filhos? Aí o escândalo é geral, como negar a natureza reprodutiva daquela que pode gerar uma vida em seu próprio ventre?


Sabe como? Tendo clareza dos objetivos e das possíveis consequências das próprias decisões. O arrependimento, que é um dos primeiros questionamentos feitos pela sociedade, é algo que pode acontecer inclusive com quem tem filhos, estes têm que lidar de uma forma e os que não tem de outra, ambos os casos podem ser tratados em psicoterapia.


O fato é que a mulher sempre vai ser questionada pela sociedade sobre a sua decisão, se tiver filhos em algum momento se sentirá uma péssima mãe, se não tem, será rotulada como uma mulher que não conheceu a verdadeira felicidade, o verdadeiro amor.

A importância do respeito e reflexão. 

O assunto filhos é um tanto polêmico e dá muito pano pra manga. O que quero deixar aqui é a importância do respeito, a si e ao próximo, a importância da comunicação entre o casal com potencial reprodutor surpresa e também entre os casais que por diversos motivos só podem ter filhos mediante planejamento.


Independente da forma como essa criança vem ao mundo, questões como políticas públicas, custo de vida, suporte financeiro, social e emocional devem ser pensados não somente para a criança, mas para os pais também. É o que dizem por aí: “Botar um filho no mundo é fácil, difícil é criar.” 

Além de respeitar os pais e os não pais, quero deixar aqui uma reflexão baseada num provérbio africano que diz: “é preciso uma aldeia inteira para se educar uma criança”. 

¹ https://www.bayer.com.br/pt/blog/gravidez-nao-planejada-atinge-62-mulheres-brasil#:~:text=Cerca%20de%2062%25%20das%20mulheres,Intelig%C3%AAncia%20em%20Pesquisa%20e%20Consultoria